quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Guimarães

Quando vi autocarro aproximar-se, virei a cara. Não fazia ideia daquilo que iria suceder, mas achei que olhar não fosse uma coisa muito inteligente dado que tencionava manter o meu instinto de protecção pessoal.
Parece que tomei a melhor decisão. Olhei apenas quando tive a certeza de que aquilo que eu mais temia se tinha, realmente, concretizado.
Depois, até ao momento que me levantei e corri para o local de todo aquele filme, decorreram apenas segundos que eu nem senti passarem. Num momento estava na paragem, e no outro estava perto daquele cão tão idefeso que ninguém parecia reparar. Os latidos que se faziam ouvir eram ensurdecedores, e, quando me quis aproximar para poder tirá-lo do perigo de carros em movimento, ele olhou para mim com algum receio que, rapidamente, se transformou em tristeza. Peguei nele, e aconcheguei-o o melhor que consegui no meu colo. A pata estava partida, era bastante nítido. E sem que eu conseguisse conter, as lágrimas começaram a cair. Porque eu sabia que aquele simples toque era o máximo que eu ia poder fazer por aquele ser vivo tão bonito e tão condenado pela vida.
Segurei-o enquanto pude. Mas a boleia chegou. E eu tinha que ir. Não era uma opção ficar. Pousei-o, então, com o maior cuidado que pude, e não olhei para trás. Não iria conseguir sair dali se o fizesse. Entrei no carro. E parti.

Gostava de não o ter feito. Gostava de não o ter deixado ali sozinho. Gostava de ter feito qualquer coisa diferente daquilo que fiz. Gostava que tudo fosse com as urtigas.

Hoje estou infeliz.

domingo, 28 de agosto de 2011

"Oh you're so naive yet so..."

Por vezes, existem momentos ao longo da nossa vida que nos fazem reflectir sobre a mesma, que nos fazem pensar como diabo chegámos ao ponto em que nos encontramos. Fazemos uma pausa e reflectimos e, em certos casos, apercebemos-nos de uma verdade que até agora desconhecíamos. E essa verdade dói. E não fazemos ideia como continuar sabendo que tudo em que acreditávamos era, afinal, uma farsa.

Ainda estou a aprender.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Adoro a praxe. E sem qualquer tipo de ironia.
Primeiras impressões erradas. É viver e aprender.

Rita

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Noite

A noite, antes tão segura e acolhedora, revelava-se agora repleta de perigos e aterrorizadora. Andar sozinha adivinhava-se um sacrifício e dava por mim a olhar para trás para me certificar que ninguém me seguia. Estava assustadíssima, pois não fazia ideia do que esperar. Estava habituada a conhecer pormenorizadamente todos os casos com que me defrontava diariamente, pelo que, desta vez, sem saber aquilo que iria acontecer, sentia-me como um peixe fora de água. Não conseguia respirar confortavelmente e sentia o pânico muito prestes a rebentar. Odiava sentir-me tão vulnerável. Por norma, não era isso que costumava acontecer.
De repente, a minha atenção desviou-se para os audíveis movimentos captados no meu campo de visão. Alerta, parei, esperando e observando com cautela, desejando que fosse algum animal à procura de alimento, ou um movimento de algum arbusto provocado pelas fortes ventanias que se faziam sentir nesse noite. Fosse o que fosse, não podia baixar a guarda. Por isso, esperei.
Esperei durante dez minutos. Achava melhor jogar pelo seguro. Mais valia prevenir do que remediar. Só quando tive a certeza de que não corria qualquer perigo é que regressei ao meu caminho, andando agora mais rapidamente. Era aconselhável encontrar um abrigo o mais rápido possível. A noite era perigosa, e eu sabia-o, agora mais do que nunca. Talvez fosse mais aconselhável caminhar apenas durante o dia. Provavelmente, iria demorar mais tempo até chegar ao locar da missão, mas mais valia chegar atrasada do que não chegar de todo.



É melhor que estudar BCM.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

UM

E cá estou eu, na belíssima cidade de Braga, sem saber muito bem como vim cá parar.
Uma nova etapa com coisas completamente diferentes daquilo que eu vivi até agora. Já tive a honra de vivenciar a tão aclamada tradição que é a Praxe. Só por aqui já posso dizer que vivi alguns momentos bastantes peculiares. Estou agora num sítio onde não conheço ninguém e que me é quase desconhecido. Nunca fui muito de vir a Braga. Não era uma cidade que costumavamos visitar. No entanto, a Universidade do Minho parecia-me uma boa opção, portanto não posso dizer que não fiquei feliz quando fui à minha caixa de correio electrómico e li
Resultado: Colocada
Estabelecimento: [7010] Universidade do Minho - Escola Superior de Enfermagem
Curso: [9500] Enfermagem


Estou a começar a adaptar-me. Mas mal posso esperar por deixar de ser caloira. Quer me parecer que vou andar com o coração nas mãos até ao Enterro da Gata. Enfim. Vida de Caloiro. Afinal de contas, somos totalmente insignificantes neste mundo.

O que se pode fazer? Pode cantar-se.

Nós, os Enfermeiros
Os Enfermeiros são os maiorais
E na hora da doença
É de enfermeiros que vós precisais.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

E.

Quando perdemos alguém que nos é querido, tudo se torna difícil.
Bem, difícil não é a palavra correcta para descrever este momentos. O sentimento é totalmente absurdo, impossível, inexplicável. Alguém estava ali e, de repente, deixou de estar. É, simplesmente, insuportável.

Quando é alguém de quem nós gostamos muito a passar por todo este processo, os sentimentos são transmissíveis. Porque a dor que nos ultrapassa pelos que gostamos é enorme e indescritível. Vê-los sofrer é inaceitável.
E a angústia está sempre presente.
Sempre.