domingo, 28 de junho de 2009

Senhor G

Esta última noite foi passada de uma forma diferente da habitual. A professora Ilda, uma das minhas vizinhas, precisava de alguém que tomasse conta do seu pai por uma noite. Eu lá me ofereci, visto que não tinha nada para fazer nessa noite e porque, na realidade, não me custava nada.
Descobri que o Senhor G, como eu decidi chamar-lhe, é muito mais divertido daquilo que aparenta. Pude constatar, na minha cama, das várias vezes que o ouvi levantar-se a meio da noite, que tem vários hábitos, pequena coisas que faz sempre que se levanta e sempre que volta a deitar-se.
Sei que o senhor G está acordado quando tosse três vezes. Percebi isso na quinta vez que ele me tirou do sono. Senta-se na cama, e puxa, com muito cuidado, os lençois para trás, com uma perfeição quase exagerada. De seguida, coloca as pernas no chão, mas não se levanta sem antes verificar se os seus três lenços e porta-moedas continuam por baixo da almofada azul clara. Feita a verficação, calça os chinelos e levanta-se, muito devagar, para tentar, suponho eu, não me acordar. Não teve grande sucesso com essas tentativas.
Depois de fazer aquilo que o fez sair da cama, regressa, sempre com muito cuidado para não fazer o mínimo brulho. Põe, novamente, os lençois de forma a parecer que a cama acabou de ser feita. Então, depois de concluir esta tarefa, coloca, de novo, todo o material que cobre o móvel para trás, destruindo o trabalho que acabar de fazer. Senta-se, tira os chinelos, mas não se deita sem verificar, mais uma vez, se os seus pertences continuam por baixo da almofada. Não vá alguém roubá-lo. Por fim, estende-se na sua cama, cobrindo-se e olhando uma última vez para o quarto antes de se deixar cair no sono. Reparei também que diz um Pai Nosso sempre que se deita.
E adormece.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Muse

É oficial. Já tenho o bilhete, portanto sou uma pessoa feliz.

Novembro, chega rápido.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Globalização e a Ecologia

Desde os tempos primitivos que o ser humano teve a necessidade de interajir com outros para assegurar a sua sobrevivência. O processo de Globalização diz respeito à forma como os países comunicam e aproximam as populações, ou seja, interliga o mundo, levando em consideração aspectos quer económicos e sociais como culturais e políticos. No entanto, ecologicamente, a Globalização traz algumas ameaças, visto fixar-se exclusivamente nos interesses monetários que as elites globais pretendem reunir. Através da exploração dos recursos naturais e da mão de obra, os governos tentam perpetuar e aumentar o lucro das pessoas com maior poder, isto num escala global, esquecendo, no entanto, que estes recursos não têm uma duração infinita e que, num futuro muito próximo, deixarão de estar disponívies se não os soubermos gerir.
Apesar de já existirem vários documentos que têm como grande objectivo proteger o meio ambiente das cominações provocadas pelas crescentes ligações entre populações, a poluição atingiu niveís preocupantes. É verdade que desde o príncipio dos tempos que o ser humano tem vindo a poluir o ambiente que o rodeia. No entanto, é também verdade que o impacte ambiental provocado pela civilizações primitivas era quase nulo, comparativamente com a pegada ecológica que o Homem moderno tem deixado. Depois da descoberta de objectos que permitiram o desenvolvimento tecnológico, como por exemplo a roda, que é agora o motor dos meios de tranporte, uma das principais causas de poluição, e da consciência de que utilizar os recursos existentes na natureza é gratuito e não causa despesas a qualquer nível, excepto ecológico (mas esse não é um facto a contar, pensam os presidentes), o Homem não tem poupado esforços para poluir o ambiente. As gerações futuras irão, com certeza, sentir as consequências dos nosso actos presentes.
A Globalização é necessária para que as nações possam encontrar formas de desenvolver as tecnologias, senão ainda hoje viveríamos na idade da pedra. É necessário que as barreiras ideológicas sejam destruídas, para que o ser humano possa dar asas aos seus conhecimentos e utilizá-los em prol do seu bem-estar. Contudo, a nossa espécie tem o dom de tranformar tudo aquilo que cria em algo destrutivo e nocivo para a natureza. Por exemplo, o fogo. Uma das maiores descobertas da Humanidade. Permite-nos aquecer, cozinhar os alimentos, iluminar vários lugares. No entanto, o Homem, na sua inteligência, consegue ainda destruir as florestas queo rodeiam para que consiga ganhar economicamente. Madeira queimada vale menos monetariamente e, assim, os lucros para os produtores de papel são maiores. Porque é essa a única preocupação do Homem: ter os bolsos cheios de papel verde.
É também verdade que, no meio de todo o processo de globalização, existem indíviduos que ainda têm como maior prioridade salvar a Natureza da destruição total. As organizações não governamentais (ONG) têm-se juntado para colmatar os efeitos das actividades antrópicas e tentam impedir a degradação do planeta e, consequentemente, a destruição da vida Humana. No entanto, se não houver um esforço conjunto com o objectivo de melhor o estado de saúde do meio ambiente, por muito que estas organizações se esforcem, nunca será suficiente.
As lesões ecológicas não têm fronteiras, assim como a Globalização. É, portanto, claro que seria muito mais fácil se tentássemos sobreviver com aquilo que temos agora, se parássemos no nosso desenvolvimento. Visto ser impossível isto acontecer, apenas uma acção muito consciente e globalmente unida poderá evitar uma catástrofe ecológica. Todavia, os interesses ecológicos dos países desenvolvidos são muito diferentes dos interesses dos países em desenvolvimento. Por exemplo, é mais fácil conseguir melhorar as condições ambientais num país pertencente ao continente Africano, onde alguns países têm o nível de desenvolvimento mais baixo de todo o planeta, do que num país com um progresso tão significativo como os Estados Unidos da América, um dos países mais poluentes de todas as nações. Isto porque o meio ambiente é um bem muito mais importante neste país, pois é da Natureza que a maior parte da população africana tira os seus rendimentos, mas numa forma saudável. É, portanto, rentável que se proteja a Natureza com o fim de manter o modo de subsistência. Por outro lado, temos a grande nação norte americana, que possui todos os meios capazes de produzir poluição: devido à grande população, os meios de transporte existem num número astronómico de forma a poderem atender às necessidades de todos. Mais meios de transporte a circularem, mais dióxido de carbono libertado para a atmosfera; as grandes indústrias, necessárias para, mais uma vez, serem capazes de assegurar os pedidos de todos, são uma das maiores forças presentes neste país, e também uma das mais prejudiciais. Enfim, são poucas as coisas que se escapam da etiqueta de nocivo.
Como se pode constatar, é difícil que todas as formas mundiais se juntem em prol do mesmo objectivo, pois os interesses diferem em quase tudo. Podemos, então, afirmas que os conceitos de ecologia, desenvolvimento e globalização estão intimamente ligados. É natural que esta relação exista. Devido ao desenvolvimento, nos dias de hoje vivemos a maior parte dos nossos dias com os nervos à flor da pele, sempre à espera da próxima catástrofe. Derrames de petróleo no mar, como o petroleiro Prestige, que ao naufragar na costa da Galiza, destruiu os habitats de muitas espécies, marinha e terrestres, explosões radioactivas que deixam marcas para as gerações seguintes, como a explosão de Chernobyl que tantas vidas destruiu e que ainda hoje continua a transformar. São este tipo de acontecimentos que nos mostram que a globalização e, consequentemente, o desenvolvimento, apesar de trazerem vantagens para um melhor dia-a-dia das populações, ecologicamente, tem os seus senãos.
No mundo global de hoje em que a industrialização é acentuada, mas que a globalização permite constatar que existem áreas de menor desenvolvimento económico, que por sua vez e, na sua maioria, correspondem a grandes índices de pobreza e fraca qualidade de vida, há um conceito de que todos sofrem: degradação ecológica da Terra.
Apesar de tudo isto, pode constatar-se que, felizmente, as preocuapações com questões ambientais por parte dos países desenvolvidos têm aumentado. Este facto deve-se, por exemplo, à alta taxa de mortalidade infantil. Em alguns países, a falta de condições não permite a sobrevivência dos mais débeis, como as crinças. Portanto, como medida natalista, os governos tentam proporcionar aos seus habitantes as condições básicas de bem-estar, e isto pressupõe que a qualidade das águas seja melhor e que a qualidade do ar seja mais saudável. Ao fazerem isto, os governos estão, não só, a zelar pelo bem ambiental, mas também a desenvolver-se com esta medidas.
Para que a Globalização possa ser encarada apenas como um factor positivo, é necessário empreender esforços de solidariedade e subsidiariedade entre Estados, pois pensar que se consegue governar contando unicamente com o seu território, o seu povo e com a afectação da qualidade de vida interna é um erro. É fulcral criar e promover acordos como o de Quioto, que, apesar de não ter total adesão, foi um primeiro passo para a recuperação do nosso planeta.


A Terra é a nossa única casa. Se a destruirmos, não iremos, certamente, poluir a Lua. Isso, para o bem de todos, ainda não conseguimos fazer.

Marés Vivas 2009


Parece-me que este Verão não vou parar um segundo. Agora, tenho já em vista o Marés Vivas 2009. Isto porque os Kaiser Chiefs e os Keane vou estar em palco. E como posso eu perder este espéctaculo? Os planos estão feitos, só falta mesmo ir à FNAC, comprar os bilhetes e...voilá.

Enfim, mal posso esperar.

Entretanto, tenho Físico química na cabeça. Pelo menos até 14 de Julho. Depois, posso ter alguma paz de espírito.

E entre idas ao cinema, seguidas de momentos de conversa na esplanada da nossa querida casa das artes, a comentar as atitudes de pessoas que anteriormente choravam rios de lágrimas por causa disto e daquilo e que agora fazem exactamente a mesma coisa, e a dizer coisas que me deixam profundamente emocionada, as férias têm passado. Um dia atrás do outro. Sem querer ser desmancha-prazeres, feitas as contas, temos apenas doze semanas de descanso. Parece pouco, não parece?

sábado, 20 de junho de 2009

Optimus Alive 09


Caramba, nunca estive com uma vontade em ir tão grande como este ano. Mas se correr tudo com eu estou a contar, vai ser este ano que vou ver os meus meninos. Dia 10 de Julho, Placebo.
Mal posso esperar.

Senhor Pau Médico

Aquilo que deveria ser uma noite descontraída e divertida acabou por ser totalmente diferente daquilo que estava inicialmente à espera. Nem festa de final de ano nem festa depois da festa de final de ano. Mas, como acontece sempre comigo, tiram-se boas coisas das más situações. Nada melhor para acalmar os ânimos do que umas voltinhas no baloiço para idades entre os três e os doze anos, seguidas de um hiper gelado com três bolas, morango, baunilha e nata, e chantilli por cima. Que bom!!!
Are you invisual? Frases como esta terminaram a noite. Uma na cama de cima, outra na cama de baixo e fizemos a festa toda. O que na realidade, não é de estranhar. Parece mesmo que não faz falta muita gente para que eu tenha um óptimo momento de gargalhada.
Agora é deixar o Senhor Pau Médico descansar enquanto a Sara dorme e eu estou aqui a escrever. Muito bom.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Amanhã, exame.
Ai, Ai, Ai!!!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Terça-Feira, 9 de Junho de 2009

Aviso: Devido à minha preguiça, as próximas linhas escritas contêm material de muita pouca qualidade. Aconselham-se os mais frágeis a evitar o contacto visual com o que se segue.
Depois não digam que não avisei.


Tarde passada a estudar. Urra, que estou tão feliz.

Lá fora, está a chover. Eu gosto da chuva. E gosto de ficar molhada por causa dela.

Comecei a pintar um quadro. Como não poderia deixar de ser, está relacionado com música. Estou a usar como cor principal o cor-de-laranja, por nenhum motivo em especial.

E agora estou a ouvir Overcome.

Que bom que é ter uma vida nada monótona.


Better Than Ezra - Overcome

Percorri a rua sem nunca olhar para trás. Inacreditavelmente, estava calmo. O único pensamento que tinha na cabeça era cumprir o objectivo pelo qual tinha saído do aconchego de casa nessa noite. Não era a minha primeira vez, nem seria a última, pelo que me encontrava aliviado, mas aterrorizado. Nas ruas, a luz da lua iluminava o caminho por onde eu ia, com um passo ligeiramente acelerado, não a correr, mas em marcha. Contornava cada rua com mais certezas do que na anterior. Sabia ser a minha atitude a mais correcta, no entanto, não deixava de ligeiramente desagradável saber que ia tirar a vida a alguém. Não era um tipo de coisa a que alguém se acostumava muito facilmente. Mas tinha de ser feito e, à falta de voluntários, a tarefa calhava-me, evidentemente, a mim.
Cinco, dez, quinze minutos e aproximava-me do local. Entrar, limpar, sair. Dito em voz alta, parecia estranhamente fácil.

Começo a escrever e é isto que sai. Ando a ver demasiados filmes, não é Léon? Depois, dá nisto.

domingo, 7 de junho de 2009

Underworld

Olho para o relógio. Os ponteiros marcam as vinte horas e catorze minutos. Recebo uma chamada a perguntar se estou interessada numa sessão de cinema – Underworld. Digo que sim, pois sei que me faz falta alguma distracção.
Depois de um banho demorado, com a água ferver, visto-me apressadamente. A boleia chega e, com as chaves e duas notas de cinco euros, saio de casa.
Os planos alteram-se. Não vemos o filme que estava combinado, pois não estamos com disposição. Em vez, decidimos ver outro, mas também esse não nos desperta grande atenção. Assim, acabamos a vaguear pelas ruas da vila, com o vento a levantar os cabelos e com o cheirinho a erva molhada. A chuva está próxima. É possível sentir a humidade presente no ar.
Depois de um delicioso Magnum de Amêndoas, o meu preferido, resolvemos passear perto do rio, quando o esperado acontece: começam a cair as primeiras gotas de chuva. É hora de voltar para o ninho.

Noite pequena, mas saudável.

sábado, 6 de junho de 2009

Hospitais.

A primeira coisa que faço ao entrar no recinto é aspirar o forte cheiro a água oxigenada e álcool. Vários grupos de pessoas aguardam na sala de espera por familiares ou, então, pela consulta que parece nunca mais chegar. O barulho está sempre presente, vindo do choro de uma criança saturada daquele lugar, ou das conversas dos pacientes que parecem nunca esgotar o seu vasto conteúdo de informações acerca dos outros. Sigo para o meu destino, com a ideia de que será mais uma tarde passada dentro de uma máquina que me provoca claustrofobia. É engraçado como começo a estar habituada a estas andanças. Já fazem parte da minha vida.
Entro, por fim, na sala onde se localizam os exames. Na parede, é possível ver um grande painel azul, onde lemos os nomes dos responsáveis por aquela secção do hospital. Reconheço alguns nomes como sendo de indivíduos estrangeiros, o que, para ser sincera, não é nenhuma novidade. É como as moedas: em cinco, duas são portuguesas.
Dirijo-me ao balcão, onde sou atendida por uma mulher com cerca de 30 anos, suponho. Digo-lho que a minha presença se deve à elaboração de uma nova ressonância, pois o doutor ortopedista não gostou do que viu na primeira. Assim, muito educadamente, pede-me que aguarde. Trata-me por Dona Rita, e devo confessar que não gosto muito do cumprimento. Faz-me sentir velha.
Sento-me numa das muitas cadeiras livres na sala. Pego no meu QQSB e começo a ler para me distrair. Sei por conhecimento de causa que a espera vai ser longa. Uns minutos depois, entra na sala uma mulher com os seus dois filhos, um menino de seis, sete anos, e um bebé com o aspecto de ter nascido apenas há poucos dias. Senta-se bastante distanciada de mim, mas apesar disso, consigo reparar na sua palidez e no seu olhar cansado. Uma recém-nascida pode ser esgotante. O bebé dorme, mas, por outro lado, o rapaz parace ter a energia de dois hiperactivos. A mão repreende-o, mas nem isso o faz acalmar. Então, para grande alívio da mulher, como reparo, entra um homem. Suponho ser o marido, pois senta-se no lugar vazio junto dela, e coloca o garoto no seu colo. Sorrio para mim, a pensar na família e no seu membro mais novo. Parecem felizes.
Pouso o livro, e pela primeira vez, olho para o meu redor. Além de mim e da pequena família, consigo ver uma senhora de avançada idade a dormitar. As esperas podem ser aborrecidas. Do outro lado, vejo dois adolescentes, atentos ao programa que está a passar na TV. Não gosto de televisão e, por isso, volto o meu olhar para outra direcção. Dois idosos aguardam pela sua vez, enquanto folheiam uma revistas que se encontram num pequena mesa castanha clara.
A porta cor-de-rosa abre-se. Um enfermeiro, com uma bata verde, entra. Ansiosa, arrumo as minhas coisas e espero que o meu nome seja dito. Mais uma vez, apanho uma decepção. Após o nome ser dito em voz alta, duas vezes, a senhora que anteriormente dormitava levanta-se e, em passos lentos, dirige-se para o seu exame. Que sorte, penso para mim.
Novamente, pego no meu livro, e também, no MP4. Fico ansiosa quando fico muito tempo sem ouvir música. Ao som dos Coldplay, leio mais um pouco, enquanto espero. Então, vejo a mãe a amamentar o recém-nascido. É um momento bonito, e ser me aperceber, fico a olhar para os dois. Sou apanhada pelo miúdo, que fica muito sério a olhar para mim. Desvio o olhar, um pouco envergonhada, confesso. Mais uma vez, a porta abre-se. Desta vez, não ponho as coisas no saco. Nem sequer olho para o enfermeiro.
Rita Rodrigues Borges. Por fim, o meu nome é dito. Com um suspiro, levanto-me e passo pela porta cor-de-rosa. Por fim.


Estou assustada. O meu joelho não me dá descanso, e os médicos não fazem boa cara. Não gosto disto.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Suspiro

Sem testes, orais sobre direitos humanos e assassinos em série, autobiografias de outras pessoas que não nós, o que parece um pouco estranho, sem relatórios de visitas de estudo, vê's de Gowin que não fazem sentido, sem relatórios de actividades laboratoriais com cheiro a ácido súlfurico, sem portefólios para tudo e mais alguma coisa, sem contratos de leitura que nos fazem ficar uma noite inteira acordados, sem trabalhos que não fazem o menor sentido.
Férias. Férias.Férias.


Com exames à porta.
Como em tudo na vida, há sempre um senão.